inspiração,
Sobre viagens rotineiras
São Paulo. Sábado, 8h45 da manhã. O ônibus
liga o motor e inicia a viagem de volta ao interior. Os pensamentos e reflexões
parecem ligar junto com o virar da chave da enorme lataria. A trilha sonora
fica por conta de Alexi Murdoch. Começa a chover. Dobram as reflexões. Ótimo
momento para as palavras serem colocadas no papel.
Enquanto a viagem segue seu rumo, outro
pensamento, agora um de preguiça, aparece na cabeça para interferir: “Posso deixar
isso pra outra hora, toda viagem é igual, não muda nada”. Indeciso, mas chega a
uma conclusão: “Deixa pra outro dia”. E a viagem vai prosseguindo.
Entre músicas, combustível queimando e gotas
escorrendo pela janela, uma ligação repentina, por um momento, fez tudo isso
parar instantaneamente. A notícia era que, um amigo há tempos internado no
hospital, vinha a falecer. E esse dia era o combinado de visitá-lo. Alguém,
cujo não imaginava que isso aconteceria, crente que iria melhorar.
Volta a música a tocar, o combustível ser gasto
e as gotas caírem. Mais um pensamento
aparece e dá um tapa na cara: “Toda viagem é igual, não é ?”.
Lembranças tomam conta de todos os pensamentos anteriores. Engraçado notar
ainda várias coisas acontecer durante a viagem, pra mostrar que não é mesmo
igual. Acho que algumas vezes não notamos os detalhes. E pensar que as próximas
viagens podemos fazer que sejam diferentes também. Não só as viagens em si.
Pena termos que ter vários empurrões assim para aprendermos. E cada vez é de
uma forma diferente.
É bacana lembrar de lugares e pessoas que
fizeram parte da história desse amigo, são momentos bons que passamos, faz bem.
Uma pena ter ficado sem contato por anos. Lembrar que ele foi o intercessor de
algumas pessoas que passaram pelos meus caminhos, sendo que alguns desses eu
chamo hoje de melhores amigos. E também, por um tempo, carregar a mesma
responsabilidade que ele teve e ajudar outros da mesma forma que me ajudou.
Momentos ótimos, mas de uma outra viagem. E chegando em meu destino, fica
nítido: “Toda viagem é especial”.
Do menino, que agradece esse outro menino, onde quer que ele esteja.
– Eric Ventura
Cada viagem, uma nova essência, um novo sentido....nunca a mesma!
ResponderExcluirbjos...
drika