relatos
O que está acontecendo com o mundo?
Lembro,
quando criança, de ouvir uma canção que me dava paz, me sentia bem
mesmo sem entender direito por não ser da minha língua nativa. Que
melodia. Era possível sentir o desejo do cantor por algo maior.
Talvez ela tenha sido o percursor do meu gosto por John Lennon e os
Beatles. Apenas alguns anos mais tarde eu viria a entender melhor a
letra de Imagine, mas o ideal eu já tinha entendido há tempos.
O
que está acontecendo com o mundo? Tem tanta coisa ocorrendo que não
sei nem pensar numa resposta. É o caso de Mariana em MG, os
atentados em Paris, atentado no Líbano, fora outras coisas que
talvez não tenha chegado até nós pela mídia. E quase tudo na
mesma semana. É incrível quantas tragédias podem caber num mesmo
período de tempo. Não que não acontecesse esse tipo de coisa
antes, mas nos últimos anos nós temos presenciado tantas desgraças
que me faz pensar sobre os danos que temos causado. Digo no plural
porque todos temos uma parcela de culpa, seja sobre o meio ambiente,
seja sobre as pessoas.
Acredito
que vivemos numa época crítica pelo simples motivo de descobrirmos
que em nosso
próprio
ciclo
de amizade existem
pessoas que contribuem, e muito, para uma sociedade do ódio.
Imagino que antigamente, pela falta de uma tecnologia de acesso à
informação diversificada
como temos atualmente, os fatos eram escondidos com mais facilidade,
deixando
dessa forma
o
povo menos culto e mais manipulável. Era
mais difícil saber o pensamento alheio. E era dito que os maiores
causadores da discórdia estavam no congresso.
Hoje, graças a internet, basta uma timeline de rede social pra
vermos como estamos rodeados por
todos os cantos pelos
mesmos
tipos
de pessoas.
E os chamamos de amigos. É tanta
raiva
espalhada
pela maioria deles que ficamos meio confusos pelo rumo que o planeta
está tomando. Desejam morte para os bandidos, morte para a
presidente, morte para os homossexuais, morte para quem está fugindo
da morte pela guerra de seu país de origem. Elegem
quem prefere
prisões à escolas. Escolhem destruir a natureza e expulsar os
índios de suas terras em nome do “progresso”. Caralho, sem as
pessoas não haverá progresso!
A
cor da pele deveria apenas colorir o mundo com mais beleza e não ser
um separador de povos. A
religião deveria pregar o amor e não ser motivo de milhões
de pessoas serem
mortas em campos de concentração.
Aliás, um religioso deveria repassar
seu
conhecimento
para
a paz e
não
agir
por interesse próprio ou
minimizar quem não tem uma mesma crença.
Deveria haver igualdade nos direitos de todos os gêneros. Não
deveria ser tão difícil viver em paz. Quando será que iremos
aprender?
Minha
solidariedade a todos os envolvidos nessas tragédias. Vocês não
estão sozinhos, estamos todos juntos nessa dor. Desejo que essa seja
mais uma oportunidade de nos unir e mostrar pra nós mesmos que todos
estamos do mesmo lado, mesmo que alguns estejam confusos e não
tenham percebido isso ainda. Pode parecer que tudo está perdido,
mas, enquanto estivermos aqui, haverá esperança sim. E termino esse
texto com um trecho traduzido da mesma música que citei no início e
que até hoje continua me inspirando: “Você pode dizer que
sou um sonhador, mas não sou o único. Tenho a esperança de que um
dia você se juntará a nós. E o mundo viverá como um só”.
Do
menino que acredita.
– Eric
Ventura
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