inspiração,

Pequeno companheiro, grandes asas

segunda-feira, janeiro 13, 2014 Unknown 2 Comentários


Ainda garoto, com 7 anos, ganhei meu primeiro cão. E último até hoje. Voltava ansioso da escola para poder conhecê-lo, mal sabia o quanto você ia aprontar com nossa família. Nos seguia toda vez que saíamos de casa, seja correndo até não aguentar mais quando íamos de carro, ou apé, ouvindo nossas repreensões pra você não nos acompanhar, no qual você nunca obedecia.
Cão andarilho, que conheceu tantos lugares caminhando sozinho por aí. Passou por tantas histórias que até desconheço, descobrindo até filhos seus depois de grandes. Ficava admirado por ser apenas um cachorro e se aventurar tanto assim, mostrando que não existem barreiras pra quem realmente quer cair no mundão. Você foi minha primeira influência de viajante e na época nem fazia ideia. Acabei aprendendo que pode ser muito duro sair de casa pra se aventurar, mas quando a viagem ultrapassa os limites do pensamento, não dá mais pra ficar com os pés presos no chão, a gente tem que se deixar voar.
Esperto, acompanhava minha avó todas as vezes até sua casa para poder ganhar um pão duro e voltava feliz da vida. Teve tantos cães companheiros e todos se tornaram seus parceiros, independente de suas raças. Vinham e iam, e você, é o que sempre ficava. E tantas vezes nos pregou peças que iria nos deixar, ficando dias desaparecido, mas sempre nos enganava no final da história, aparecendo e esbanjando mais saúde do que nós mesmos. Gostaria que estivesse as pregando até hoje.
Tentamos te treinar, jogando objetos no mato da frente de casa pra você correr atrás e procurar, mas nunca aprendeu a trazer de volta. A cada jogada achada, latia e latia, mas nada de trazê-las.
Lembro de toda vez que chegávamos em casa e você dentro da sua caixa velha de papelão na garagem, que não trocava de jeito nenhum por uma casinha de madeira. Levantava a cabeça pra ver se tínhamos mesmo chegado, pulava da caixa e saia correndo abanando o rabo de felicidade de nos ver. Acho que na verdade você queria comida, isso sim.
Nos perseguia por todo lado, nos acompanhava por quilômetros. Você me viu criança e me viu adulto. Foi um verdadeiro membro da família. Até sobrenome nosso você tinha. Algumas vezes ainda jogo algo no mato pra ver se você aprende a nos trazer de volta. E você continua não trazendo, seu teimoso.
Do menino, que sente sua falta nesses dez anos que já se passaram.
– Eric Ventura

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2 comentários:

  1. Hahahah, amo tanto meu cachorro, mesmo destruindo alguns de meus objetos...srsrrsr. Essa de jogar e ele ir buscar também nunca aprendeu, mas aos poucos tem aprendido a sentar, dar a patinha e quando jogo a bolinha para ele, me surpreendo que ele pega com a boca.
    Como a gente se apega, cuida com carinho e temos tanta alegria. E, ainda qdo nos pede comida com aquela cara de "pidão", num dá pra negar...srsrrsrr
    Muito enriquecedor seu texto, parabéns!
    http://escritoradrikkk.blogspot.com.br

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  2. Não tive animal de estimação até o ano passado, quando ganhamos uma coelha que não dá bola pra ninguém. Acho muito bacana essa relação dono e bicho. Gostei muito do texto! :)

    www.lilasesol.com

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