relatos,
Dualidades
Vivemos como dois. Somos feitos parcialmente
em duas metades. Na verdade, provavelmente, não sejamos feitos e sim nós
próprios nos moldamos a essa dualidade.
Somos seres ora amor, ora ódio. Para nos
manter na tal clamada sanidade, nos dividimos. Nos impomos a andar na invisível
linha tênue do equilibrio, supostamente implantado em nossas cabeças desde
nossos berços, pedido feito pela sociedade para termos uma vida plena de
lucidez.
Há os que dizem que esse modo foi um jeito de
a realeza ter o mundo sob controle. Sob o seu controle. Realeza essa como o
Caio César, o tal Calígula, que com o poder em mãos, envolvia à todos em suas
peripécias ao extremo, e assassinado pela sua loucura, talvez por ter levado
uma vida sem moderação. E há os que vivem uma vida regada pela infelicidade,
por ter que seguir o roteiro da vida real, fazendo o que não quer e
conquistando o que nunca quis.
Seguimos presos pelos caminhos à frente, mas com
a liberdade aos nossos pés para poder voar. Temos fé, mas buscamos a razão. Um
dia somos sol, em outro, somos lua. O que sou hoje, posso não ser amanhã. Pode
ser através do amadurecimento ou pela coragem e covardia com o tempo. Só poderemos
nos tornar únicos quando sabermos o que cada lado da dualidade quer. Até lá,
que ambos possam ser, pelo menos, amigos.
Do menino, que é o que não quer, ou que quer o que não é.
– Eric Ventura
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