inspiração,
O que deixamos pra trás
Às vezes, deitado e prestes a dormir, me encontro
perguntando para mim mesmo sobre meu dia. Entre vários devaneios filosóficos
que normalmente me causam insônia, me questiono sobre o que fiz. Não apenas isso,
penso no que deixei pra trás, o que ficou e nunca mais será possível alcançar
já que, aquilo, foi consumido pelo passado. Sobre o que podia ter dito e não
disse. Sobre ter aproveitado uma oportunidade na qual não aproveitei. E enquanto
ficava nesses dilemas, descobri algo que lá no fundo já sabia: sofro da
síndrome de não poder ser e fazer TUDO que se é possível. Calma, eu explico.
Você vai e faz um intercâmbio e acaba
querendo morar lá para sempre, ao mesmo tempo que quer morar também para sempre
no lugar de onde veio e de todos os que conheceu. Sem contar aqueles duzentos
ou trezentos que ansia muito em conhecer e sabe por instinto que moraria lá
também. Gostar de um local de trabalho que você está e aparecer algum outro que
te interesse e, em vez de trocar, poder ficar nos dois. Isso se não aparecer um
terceiro. E ainda querer ter milhões de profissões diferentes pra poder fazer tudo,
poder preencher todas as lacunas. Tocar todos os instrumentos. Falar todas as
línguas. Conhecer todo mundo e o mundo todo. É isso, esse sou eu.
Mesmo com o sonho de que fosse possível me
dividir em várias pessoas, ainda prefiro do jeito como as coisas são, pois acredito
que a mágica está nisso, não passar de um sonho impossível de se realizar. Por
quê? Porque acredito que há uma beleza em se deixar algo depois de ter decidido
que uma outra alternativa seja ainda melhor pra você. E ter que selecionar opções
pra levar durante a vida toda a torna ainda mais especial. Poder adicionar um
novo hobbie na sua lista depois de alguns anos sem um novo e se aperfeiçoar é
indescritível. Saber de tudo nos impediria de nos relacionar com as outras
pessoas achando que de nada elas nos acrescentariam. E quem somos nós sem as
outras pessoas, não é? Como Christopher McCandless aprende no filme Na Natureza
Selvagem – filme que todo mochileiro adora – “A felicidade só é real quando compartilhada”.
Quando nos sujeitamos a embarcar numa viagem,
somos obrigados a deixar algumas coisas pra trás. E essa é uma das melhores
coisas que ela nos proporciona. O viajante aprende que não deve se prender à
coisas, muito pelo contrário, deve se apegar ao momento exato em que está
vivendo. Assim, que possamos compartilhar de nossas experiências e deixar
algumas histórias pra trás. Algum quarto que deixamos vazio por aí e sentimos
saudades, hoje é habitado por um novo alguém, que ainda ficará para um outro
amanhã. E que, nesse ciclo que muda constantemente, novas histórias se iniciem.
Do menino, que procura poder compartilhar
mais.
– Eric Ventura
Muito lindo e gostoso de ler... adorei...parabéns e sucesso.
ResponderExcluirBem assim mesmo..hehehe...queremos ser e fazer tudo o que estiver ao alcance e ao que não está...queremos o mundo inteiro...heheh..nisso perdemos o essencial: os breves momentos. Assim, a vida são os breves momentos que vivemos todos os dias.Estou ainda a aprender como desfrutar melhor (mais intensamente cada um deles). Eric, amei esse texto, amei tudo, todas as palavras e todos os seus sentimentos. Obrigadaaaaaaaa...um beijo!
ResponderExcluirwww.escritoraadriana.com
www.ruadireita.com
Eu aqui nos últimos dias do meu intercâmbio, devaneando, escutando " meu coração vagabundo..", pensando exatamente isso e dai acho seu texto! =) Muito bacana
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